quarta-feira, 29 de julho de 2009

preguiça

se cada qual tivesse
o direito de fazer justiça
asi mesmo deixaria
de haver preguiça

1 comentário:

  1. Jamais acabaremos de explicitar o claro dia.
    O pai divorciara-se, e vivia em Faro.
    Ele seguia por toda a parte a João Paulo II.
    Incompatibilizara-se com um tio seu,
    com quem frequentemente se cruzava.
    Como retomar diálogo?
    Não que se ralasse, sentia-se abalado.
    Não só as catedrais encantam o esparzido mirar,
    também o que em nós vive e não se diz.
    -
    Quanto começou com Feuerbach:
    Revolvido o livro, assinalou-se dúbia passagem.
    Os filhos da terra arrebatavam a eterna escritura.
    Chegara o tempo, cada gesto era inaugural.
    Submersa continuou a subterrânea oração.
    Houvera em campo aberto peleja desigual.
    E o humano Cristo se deu ao terrestre sentido.
    -
    Fomos ver aquele lugar de destino,
    maior do que a princípio parecera.
    Trama ter que mudar
    mais coisas do que contávamos.
    Até os filtros do fumo sobrecarregam bagagem.
    Mais a metálica alvura do PC.
    Quando remexemos haveres,
    ficamos com a impressão de que uns quantos faltam,
    até porque não damos fé deles com a banal sequência.
    -
    ‘Projecto de sucessão…’
    Continuar de pé até que pombas dos meus olhos voem.
    Continuar dormindo até se regelarem os dedos.
    Continuar rezando até que o tempo finde.
    Continuar esperando que o café feche.
    Continuar despido até que o colchão navegue.
    Continuar escrevendo até que o papel acabe.
    Continuar apaixonado até que o mundo acorde.
    Continuar sonhando até que morto durma.
    Continuar delirando até se incendiarem órbitas.
    Continuar ladainhas até que o cérebro estale.
    Continuar a acompanhar o derrube dos tiranos.
    Continuar iluminado até que a maluqueira pare.
    Continuar chorando por um miosótis encarnado.
    Continuar a ateimar no trevo das quatro folhas.
    Continuar a seguir a rota da estrela cadente.
    Continuar a guardar no coração cintilações natalícias.
    Continuar a procurar um piolho estrelinha
    na cabeça rachada do Menino Jesus.
    Continuar a arriscar vermelho branco.
    Continuar sangrando até se esgotar a água.
    Continuar boiando até que o sangue estanque.
    Continuar a coçar minha jubilosa ferida.
    Continuar a prolongar o gélido chuveiro.
    Continuar a adorar a mulher artimanha.
    Continuar a andar sobre escombros lua.
    Continuar sentado até os pés da cadeira enraizarem.
    Continuar a dar corda a relógios que ninguém olha.
    Continuar auscultando especial música.
    Continuar a elucubrar invariáveis linguagens.
    Continuar a cantarolar o milagre da vida.
    Isto e muito mais até que o paizinho evapore.
    Isto e muito mais até que a paz floresça.
    in
    Episódicos Circunstanciais
    in
    Sonhadas Palavras 2ª Edição em preparação
    Angelo Ochoa

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