Périplo Navegante: ‘Mira-me, Miguel, com’stou de bonitinha, saia do burel, camisinha da estopinha…’ Dá-me teu corpo, a mão, qu’imos a bailia. - P’lo Marão, apertadas curvas, remansosas nascentes. - Amarante, Ponte Velha, passos refazendo o poeta, santo absorto. - Bragança, Fervença, bicicletas e patins sobre frágil gelo. - Mirandela, deslumbres, alturas outras, outro hossana. - Pocinho, barrenta a cor cansada à terra, mansidão ensolarada. - Até à Ermida da Senhora dos Montes Ermos, ladainhas, ecos secos, um percurso árduo. - Cerejais, directa emoção, limpos pardais; rosa ou conta murmurada. - Espantados na cor, corremos do todo a intimidade. - Alcácer, p’lo ar vagando a voo. - Miradouro, Castelo de Palmela: No fundo, do Sado, sob fogoso sol, serena baía. - Évora, a cal refresca farpas a róseo clarear. - Grândola, jardins; largueza airada, um povo bom. - Por Reguengos assentados, entendemos rendilhada fala, velha gesta. - Tomar, Baptistério de S. João, enlevo para o Pai, desce a Pomba Amor aO Filho nu. - Entroncamento, errantes áreas, qualquer incerta pista. - Atalaia morre nocturno sono sob cripta. - Delongo, concavidades, degredado divagar; florações silvestres. - Santarém, Portas do Sol, o Tejo transborda Vaso Graal. - A cadelita arrojou-se aos pés do amigo, que, varado, se sentiu Um Deus Manteiga. - Alte, dos amendoais a flor altos atapeta. - Fuzeta, bordado, em água, devaneante carreiro. - Uma acácia nos sacode. - Albufeira, ocre pólen, flor fibrosa, esfarelada rocha. - Olhão, ou o só cozido peixe. - Angra do Heroísmo, arquitectural filigrana. - Fogo, vazio populoso, gente diversa, mastigando sol. - Pico, e ainda um baleeiro. - S. Miguel, éden ajardinado, com vista. - Fão, areal com bruma, névoa rasa p’los pinhais. - Líquenes, voracidade; o perpassar. - Ao bosque do Bom Jesus do Monte, equilibrada égloga. - Santa Luzia, morres-me sonhos cheios. - Vila do Conde: Belo e Régio te cantaram, mas o encanto é contemplar-te. - Sonhadas Palavras, Ângelo Ochôa
Périplo Navegante:
ResponderEliminar‘Mira-me, Miguel,
com’stou de bonitinha,
saia do burel,
camisinha da estopinha…’
Dá-me teu corpo, a mão,
qu’imos a bailia.
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P’lo Marão,
apertadas curvas,
remansosas nascentes.
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Amarante, Ponte Velha,
passos refazendo o poeta, santo absorto.
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Bragança, Fervença,
bicicletas e patins sobre frágil gelo.
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Mirandela,
deslumbres, alturas outras, outro hossana.
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Pocinho,
barrenta a cor cansada à terra, mansidão ensolarada.
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Até à Ermida da Senhora dos Montes Ermos,
ladainhas, ecos secos, um percurso árduo.
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Cerejais,
directa emoção, limpos pardais; rosa ou conta murmurada.
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Espantados na cor,
corremos do todo a intimidade.
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Alcácer,
p’lo ar vagando a voo.
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Miradouro, Castelo de Palmela:
No fundo, do Sado, sob fogoso sol, serena baía.
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Évora,
a cal refresca farpas a róseo clarear.
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Grândola, jardins;
largueza airada, um povo bom.
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Por Reguengos
assentados, entendemos rendilhada fala, velha gesta.
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Tomar, Baptistério de S. João,
enlevo para o Pai, desce a Pomba Amor aO Filho nu.
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Entroncamento,
errantes áreas, qualquer incerta pista.
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Atalaia
morre nocturno sono sob cripta.
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Delongo,
concavidades, degredado divagar;
florações silvestres.
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Santarém, Portas do Sol,
o Tejo transborda Vaso Graal.
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A cadelita arrojou-se aos pés do amigo,
que, varado, se sentiu Um Deus Manteiga.
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Alte,
dos amendoais a flor altos atapeta.
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Fuzeta,
bordado, em água, devaneante carreiro.
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Uma acácia
nos sacode.
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Albufeira,
ocre pólen, flor fibrosa,
esfarelada rocha.
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Olhão,
ou o só cozido peixe.
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Angra do Heroísmo,
arquitectural filigrana.
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Fogo,
vazio populoso, gente diversa, mastigando sol.
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Pico,
e ainda um baleeiro.
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S. Miguel,
éden ajardinado, com vista.
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Fão,
areal com bruma,
névoa rasa p’los pinhais.
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Líquenes,
voracidade;
o perpassar.
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Ao bosque do Bom Jesus do Monte,
equilibrada égloga.
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Santa Luzia,
morres-me
sonhos cheios.
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Vila do Conde:
Belo e Régio
te cantaram,
mas o encanto
é contemplar-te.
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Sonhadas Palavras, Ângelo Ochôa
lindo
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